Por Carlos Jorge
O cinema é apenas uma caricatura da realidade, ou seria ele uma suavização do que agride o homem? Caricatura, suavização ou nada disso, o cinema tenta mostrar características da sociedade, e nem sempre a sociedade aceita que suas características sejam mostradas. Cláudio Assis gosta de dar socos no estômago do público, e jogar-lhe na cara, como quem cospe, as verdades mais inconvenientes. Em Texas Hotel, curta de 1999, ele faz uma espécie de apanhado de algumas calúnias sociais menos aceitáveis e as confina num micro mundo, ambientado num hotel caindo aos pedaços. Ainda como quem cospe, joga para o espectador diversos personagens, aparentemente sem ligação nenhuma que possa contribuir para o desfecho da história. Na história não há desfecho. O que existe é a situação comum da morte do dono do hotel e a reação dos animais (pessoas) ao cheiro da carne podre. O que Assis quer fazer não é mostrar um enredo com começo, meio e fim, mas denunciar, e da forma menos poética possível, o comportamento de diferentes estereótipos habitantes do hotel, transformando-o no seu personagem principal (grande mãe consoladora que abraça a todos, mas que não enxerga os problemas de todos, apenas os agrupando). Não há perspectiva de mudança dos personagens, eles são e sempre serão aquilo que é mostrado. E é mostrado de forma instintiva e animalesca, característica do naturalismo exacerbado buscado por Assis nos seus filmes, muito mais reativa que raciocinada. A utilização de cenas como a do animal sendo estripado, ou do plano em que a câmera aponta para baixo nos corredores do hotel, e que permite uma visualização de tudo o que acontece nos quartos, são os maiores trunfos do diretor, que leva isso para seus posteriores trabalhos. Mas entra em discussão: essa realidade mostrada na tela seria excessiva e perderia o tom denunciador para se tornar uma linguagem mais apelativa/ sensacionalista, ou é absolutamente necessária a verdade nua e crua (literalmente nua e crua) para incentivar o olhar da população para os problemas tão próximos, mas tão ofuscados pela moral hipócrita? É aí que encontramos as mais diversas criticas ao trabalho de Cláudio, que se dividem ou por amor, ou por ódio, mas nunca por indiferença, pois é impossível assistir a um filme dele sem se contorcer na cadeira. Texas Hotel, funciona, então, como uma experiência, quase como um piloto, para o primeiro longa-metragem do diretor, Amarelo Manga (2002), que utiliza dos mesmos personagens, do mesmo hotel, e também usa a morte do dono dele como uma das várias histórias contadas no filme, só que dessa vez com os personagens mais bem trabalhadas e com coerência no desfecho da história.
O cinema é apenas uma caricatura da realidade, ou seria ele uma suavização do que agride o homem? Caricatura, suavização ou nada disso, o cinema tenta mostrar características da sociedade, e nem sempre a sociedade aceita que suas características sejam mostradas. Cláudio Assis gosta de dar socos no estômago do público, e jogar-lhe na cara, como quem cospe, as verdades mais inconvenientes. Em Texas Hotel, curta de 1999, ele faz uma espécie de apanhado de algumas calúnias sociais menos aceitáveis e as confina num micro mundo, ambientado num hotel caindo aos pedaços. Ainda como quem cospe, joga para o espectador diversos personagens, aparentemente sem ligação nenhuma que possa contribuir para o desfecho da história. Na história não há desfecho. O que existe é a situação comum da morte do dono do hotel e a reação dos animais (pessoas) ao cheiro da carne podre. O que Assis quer fazer não é mostrar um enredo com começo, meio e fim, mas denunciar, e da forma menos poética possível, o comportamento de diferentes estereótipos habitantes do hotel, transformando-o no seu personagem principal (grande mãe consoladora que abraça a todos, mas que não enxerga os problemas de todos, apenas os agrupando). Não há perspectiva de mudança dos personagens, eles são e sempre serão aquilo que é mostrado. E é mostrado de forma instintiva e animalesca, característica do naturalismo exacerbado buscado por Assis nos seus filmes, muito mais reativa que raciocinada. A utilização de cenas como a do animal sendo estripado, ou do plano em que a câmera aponta para baixo nos corredores do hotel, e que permite uma visualização de tudo o que acontece nos quartos, são os maiores trunfos do diretor, que leva isso para seus posteriores trabalhos. Mas entra em discussão: essa realidade mostrada na tela seria excessiva e perderia o tom denunciador para se tornar uma linguagem mais apelativa/ sensacionalista, ou é absolutamente necessária a verdade nua e crua (literalmente nua e crua) para incentivar o olhar da população para os problemas tão próximos, mas tão ofuscados pela moral hipócrita? É aí que encontramos as mais diversas criticas ao trabalho de Cláudio, que se dividem ou por amor, ou por ódio, mas nunca por indiferença, pois é impossível assistir a um filme dele sem se contorcer na cadeira. Texas Hotel, funciona, então, como uma experiência, quase como um piloto, para o primeiro longa-metragem do diretor, Amarelo Manga (2002), que utiliza dos mesmos personagens, do mesmo hotel, e também usa a morte do dono dele como uma das várias histórias contadas no filme, só que dessa vez com os personagens mais bem trabalhadas e com coerência no desfecho da história.
2 comentários:
Como faço para comprar o curta Texas Hotel? Está a venda?
Obrigado
Meu e-mail é pepeu78@hotmail.com
Pedro
Há possibilidade do curta Texas hotel
Completo no you tube gratuito?
Por quê vocês disponibilizam o curta metragem completo?
Por causa do direitos autorais?
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